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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Dissertação

Dissertar é um ato praticado pelas pessoas todos os dias. Muitas vezes, em casos de divergência de opiniões, cada um defende seus pontos de vista em relação ao futebol, ao cinema, à música.

A vida cotidiana traz constantemente a necessidade de exposição de idéias pessoais, opiniões e pontos de vista. Em alguns casos, é preciso persuadir os outros a adotarem ou aceitarem uma forma de pensar diferente. Em todas essas situações e em muitas outras, utiliza-se a linguagem para dissertar, ou seja, organizam-se palavras, frases, textos, a fim de, por meio da apresentação de idéias, dados e conceitos, chegar-se a conclusões.

A dissertação implica discussão de idéias, argumentação, organização do pensamento, defesa de pontos de vista, descoberta de soluções. É, entretanto, necessário conhecimento do assunto que se vai abordar, aliado a uma tomada de posição diante desse assunto.

Argumentação

A base de uma dissertação é a fundamentação de seu ponto de vista, sua opinião sobre o assunto. Para tanto, deve-se atentar para as relações de causa-conseqüência e pontos favoráveis e desfavoráveis, muito usadas nesse processo.

Algumas expressões indicadoras de causa e conseqüência

• causa : por causa de, graças a, em virtude de, em vista de, devido a, por motivo de
• conseqüência : conseqüentemente, em decorrência, como resultado, efeito de

                          Partes de uma dissertação

* Introdução 

Constitui o parágrafo inicial do texto e deve ter, em média, 5 linhas. É composta por uma sinopse do assunto a ser tratado no texto. Não se pode, entretanto, começar as explicações antes do tempo. Todas as idéias devem ser apresentadas de forma sintética, pois é no desenvolvimento que serão detalhadas.

Na construção da introdução, deve-se lançar as idéias a serem explicitadas no desenvolvimento. Para tanto pode-se levantar 3 argumentos, causas e conseqüências, prós e contras.

* Desenvolvimento 

Esta segunda parte de uma redação, também chamada de argumentação, representa o corpo do texto. Aqui serão desenvolvidas as idéias propostas na introdução. É o momento em que se defende o ponto de vista acerca do tema proposto. Deve-se atentar para não deixar de abordar nenhum item proposto na introdução.

Pode estar dividido em 2 ou 3 parágrafos e corresponde a umas 20 linhas, aproximadamente.

A abordagem depende da técnica definida na introdução: 3 argumentos, causas e conseqüências ou prós e contras. O conceito de argumento é importante, pois ele é a base da dissertação. Causa, conseqüência, pró, contra são todos tipos de argumentos; logo pode-se apresentar 3 causas, por exemplo, num texto.

A reflexão sobre o tema proposto não pode ser superficial, para aprofundar essa abordagem buscam-se sempre os porquês.

De modo prático o procedimento é:

Levantar os argumentos referentes ao tema proposto.
Fazer a pergunta por quê? a cada um deles, relacionando-o diretamente ao tema e à sociedade brasileira atual.

A distribuição da argumentação em parágrafos depende, também, da técnica adotada:

3 argumentos - um parágrafo explica cada um dos argumentos

causas e conseqüências - podem estar distribuídas em 2 ou 3 parágrafos. Ou agrupam-se causas e conseqüências, constituindo 2 parágrafos; ou associa-se uma causa a uma conseqüência e com cada grupo constroem-se 2 ou 3 parágrafos.

prós e contras - são as mesmas opções da técnica de causas e conseqüências, substituídas por prós e contras

abordagem histórica - compara-se o antes e o hoje, elucidando os motivos e conseqüências dessas transformações. Cuidado com dados como datas, nomes etc. de que não se tenha certeza.

abordagem comparativa - usam-se duas idéias centrais para serem relacionadas no decorrer do texto. A relação destacada pode ser de identificação, de comparação ou as duas ao mesmo tempo.

É muito importante manter uma abordagem mais ampla, mostrar os dois lados da questão. O texto esquematizado previamente reflete organização e técnica, valorizando bastante a redação. Logo, um texto equilibrado tem mais chances de receber melhores conceitos dos avaliadores, por demonstrar que o candidato se empenhou para construí-lo.

* Conclusão 

Representa o fecho do texto e vai gerar a impressão final do avaliador. Deve conter, assim como a introdução, em torno de 5 linhas.

Pode-se fazer uma reafirmação do tema e dar-lhe um fecho ou apresentar possíveis soluções para o problema apresentado.

Apesar de ser um parecer pessoal, jamais se inclua.
Evite começar com palavras e expressões como: concluindo, para finalizar, conclui-se que, enfim...

Evite em uma dissertação:

- Não coloque ponto no título de uma redação.
- Não coloque no final do texto qualquer coisa escrita ou riscos de qualquer natureza, nem assine seu nome no final.
- Não repita muitas vezes as mesmas palavras, para não empobrecer o texto.
- Jamais abrevie palavras.
- Evite o uso de etc.
- Substitua as palavras “algo”, “coisa”, por elemento, fator, item, etc.
- Use sempre palavras da língua portuguesa, evite as estrangeiras.
- Evite usar provérbios, chavões, ditos populares ou frases feitas.
- Evite questionamentos em seu texto, sobretudo em sua conclusão.
- Jamais use a primeira pessoa do singular, a menos que haja solicitação do tema (Ex.: O que você acha sobre o aborto - ainda assim, pode-se usar a 3ª pessoa)
- Só cite exemplos de domínio público, sem narrar seu desenrolar. Faça somente uma breve menção.
- A emoção não pode perpassar nem mesmo num adjetivo empregado no texto. Atenção à imparcialidade.
- Nunca analise assuntos polêmicos sob apenas um dos lados da questão.


             1. Receita para o texto dissertativo
Como começar?

Primeiramente é preciso ter conhecimento sobre o tema, e em seguida é preciso transformar tal conhecimento numa pergunta, na qual a sua resposta dará origem às idéias. Faça uma reflexão sobre o assunto. Elabore um rascunho, planejando o conteúdo e organizando as idéias.

Como discutir?

Escolha os seus argumentos, seja ele para concordar, contestar ou fazer oposições, e exponha exemplos, juízos, conceitos, raciocínios a fim de fundamentar a sua discussão.

Como argumentar?

Cada parágrafo argumentativo deve expor adequadamente uma idéia-central, através dos exemplos, juízos, evidências, relações de causa e conseqüência.

Como concluir?

Para a conclusão, siga de forma coerente com a discussão: elabore uma síntese do conteúdo discutido, retome o posicionamento da tese ou atribuir uma perspectiva ou solução para o problema.

Para se fazer uma boa dissertação é muito importante:

- Ler o tema com muita atenção, para entender o que se é pedido;

- Ter conhecimento do tema que irá desenvolver;

- Fazer um rascunho antes de começar a escrever o texto original;

- Evitar expressões como: “na minha opinião”, “eu penso que”, “eu acho que”, e procurar escrever o texto sempre em 3º pessoa do singular ou do plural.

- Manter o máximo de clareza no que está escrevendo;

- Todo texto dissertativo deve apresentar: parágrafo introdutório (tese), desenvolvimento (exposição/argumentação) e conclusão.

- Evitar construir frases embromatórias. Certifique-se de que todas as palavras que constituem a frase são fundamentais.

- Evitar o uso de palavras abreviadas, do etc., da palavra “coisa”, e de gírias.




            2.0 Exemplos de textos dissertativos de alunos

          Selecionamos algumas redações de alunos como exemplos de dissertação que mostram habilidade discursiva, organização de idéias, precisão argumentativa e reflexão questionadora.

Livros desprezados 

Grave problema presente no Brasil é o baixo nível cultural da população devido à falta de leitura de boa qualidade. Segundo o Pisa (Programa internacional de avaliação de alunos), que verifica a capacidade de leitura do jovem, dentre os 32 países envolvidos na pesquisa de 2001, o nosso ficou com a última colocação.
Um dos fatores que provocam a falta de domínio da leitura na avaliação brasileira é a escassez de livrarias: apenas uma para cada 84,4 mil habitantes. Porém, essa não é a única razão: o brasileiro prefere ler futilidades que pouco ou nada acrescentam ao seu intelecto a se dedicar aos grandes nomes da literatura.
Os políticos tentam suavizar a situação do semi-analfabetismo gerada pela falta de leitura com o discurso de que é perfeitamente normal que algumas pessoas alcancem o final do ensino médio sem saber expressar suas idéias por meio da escrita. Obviamente, é “perfeitamente norma”, visto que o sistema de repetência foi indevidamente abolido nas escolas públicas.
É imprescindível que a leitura no Brasil seja estimulada desde a infância e que o sistema de ensino sofra uma revisão. Nossa nação não pode aspirar ao desenvolvimento tendo tão deficiente capital humano. 


(aluno Alexandre Budu) 

Autodestruição 

Há tempos a questão da preservação do meio ambiente entrou no dia-a-dia das discussões do mundo inteiro. O excesso de poluição emitida pelas indústrias e automóveis e a devastação das florestas são as principais causas do efeito estufa e finalmente se tornaram motivo de preocupação. Contudo, até agora, os resultados pró-natureza são insignificantes perto dos prejuízos causados a ela.
Essa diferença tem razões econômicas. Não é simples nem vantajoso uma fábrica que emite grande quantidade de poluentes comprar equipamentos que amenizam tal emissão. O mesmo acontece com automóveis, grandes vilões do ar nas cidades. Segundo reportagens, carros e ônibus velhos poluem quarenta vezes mais do que os novos, e não é por falta de vontade que os donos não os trocam, e sim por falta de dinheiro. Concluímos, então, que o mundo capitalista inviabiliza um acordo com o meio ambiente e, enquanto isso, o planeta adoece.
Outros problemas é a falta de informação e educação ambiental. Muitas pessoas ainda desconhecem os malefícios do efeito estufa, como, por exemplo, o aumento da temperatura e, como conseqüência, a intensificação das secas. Esse desconhecimento somado ao egoísmo e descaso humano trazem-nos uma visão de futuro pessimista. Das poucas pessoas cientes desse problema, muitas não o levam a sério e não tentam mudar suas atitudes buscando uma solução. Enquanto os efeitos dos nossos atos não atingirem proporções mais danosas, permaneceremos acomodados com a situação, deixando para nossas futuras gerações o dever de “consertar” o meio ambiente.
A triste conclusão a que chegamos é a de que a prudência e o bom senso do ser humano não são mais fortes que a sua ambição e egoísmo. Estamos destinados a morrer no planeta que matamos. 


(aluna Mariana Yamamoto Martins)

Quando o fim é progredir

Há milhares de anos o universo existia em harmonia. Os ciclos de escuridão e luz se alternavam periodicamente. As estrelas nasciam, brilhavam e explodiam. Sempre o mesmo ciclo. Harmonia. Tranqüilidade. A luz fez um planeta fértil. Plantas surgiram. A harmonia continuou. Animais surgiram. Sucederam as eras geológicas. Surgiu, então, o homem. O homem não se contentou com os ciclos naturais. Construiu ferramentas e com estas ergueu as cidades, afastando-se até das memórias dos campos, da vida simples e natural. A harmonia se despedaçou.
Ao homem foi dado o domínio da tecnologia, mas ele a usou para a destruição. Foi dada também a conquista do meio, mas ele o converteu em sua própria prisão. As florestas foram arrasadas. A atmosfera foi poluída. Enfim, a Terra criou o homem e foi destruída por sua criação.
Os mais sábios tentaram impedir o progresso, mas o lucro do momento fechou os ouvidos do homem. A avalanche continuou. Cada um competiu para transformar uma parte maior do todo. Ignoraram completamente o ciclo natural. Materialismo passou a ser o novo indicador.
O progresso abalou o homem até onde a ambição alcança. Ele cada vez sabe mais, consegue mais e constrói mais. Só que não percebe, em sua escalada, a possibilidade da queda. Quando ele se der conta dos abusos que comete, será tarde demais para voltar. 


(aluna Sandra H. Gordon)

                                                                  Vídeo Relacionado

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